Pessoas solitárias podem desenvolver demência com mais facilidade que as outras – mesmo que sejam casadas e tenham amigos.
É o que sugere um estudo da Holanda, publicado na edição de dezembro da Journal of Neurology Neurosurgery and Psychiatry.
13,7% das pessoas mais velhas que se identificaram como solitárias no começo do estudo desenvolveram demência em três anos, enquanto que apenas 5,7% dos participantes não solitários desenvolveram o problema. A solidão, no caso, era caracterizada pela falta de casamento e o isolamento social.
“O fato de que ‘se sentir sozinho’ em vez de ‘ser sozinho’ ter sido associado com o começo de demência, sugere que não é a situação objetiva, mas a ausência percebida de vínculos sociais que aumenta o risco de queda cognitiva”, escreveram os pesquisadores ao LiveScience.
Os cientistas ainda não descobriram como exatamente funciona esta ligação. Eles acreditam que talvez os sentimentos de solidão sejam uma reação a menores habilidades de pensamento ou então os solitários carecem de estímulo, e isso afeta os sistemas cerebrais responsáveis pelo pensamento.
Para conduzir o estudo, os pesquisadores do Centro de Saúde Mental Arkin, em Amsterdã, analisaram dados de 2.200 holandeses entre 65 e 86 anos. Eles não tinham demência no começo do estudo. Cerca de 433 pessoas ou 1/5, afirmaram se sentir sozinhas, enquanto que 1.000 moravam sozinhas, 1.100 eram solteiras e quase 1.600 não tinham apoio social, ou seja, a percepção de que as pessoas se importam com ela e que ela é parte de um grupo. As pessoas solitárias são 1,64 vezes mais propensas a desenvolver demência em comparação às não solitárias.
Outros números encontrados pelos cientistas: 9,3% dos que viviam sozinhos desenvolviam demência, contra 5,6% dos que viviam com alguém. Os solteiros tinham 9,2% de chance, contra 5,3% dos casados.
Curiosamente, o quadro se inverte quando se fala em apoio social: os que afirmam tê-lo desenvolveram demência em maior porcentagem que os que não o têm. Os pesquisadores suspeitam que isso se deva ao fato de que os que têm apoio social desenvolvem mais problemas como doenças do coração.
Estudos passados já mostraram que o isolamento social resultava em maior risco de queda cognitiva, em comparação a quem tinha uma extensa rede social. O novo estudo deu um passo à frente ao separar as pessoas que apenas se sentem sozinhas das que realmente são, de acordo com os autores.
Mas eles também reconhecem que a pesquisa foi limitada. Eles não sabiam, por exemplo, se a solidão das pessoas analisadas era recente ou inerente às suas personalidades. Eles defendem que pesquisas futuras devem analisar se a gravidade da solidão delas tem efeito no desenvolvimento da demência.
VICTOR DE ANDRADE LOPES
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